A relação entre a Acanthus mollis e a arquitectura
A relação entre a Acanthus mollis e a arquitetura remonta aos tempos da Grécia Antiga, onde a planta era associada às provações da vida, à morte e às lágrimas.
O início da ligação entre a acanthus mollis e a arquitetura
Calímaco, afamado poeta, arquiteto e bibliotecário ateniense, inspirou-se nas folhas desta planta para decorar os capitéis dos templos que projetava. De imediato, esta tendência foi adotada e a acanthus mollis tornou-se no símbolo maior do recém criado estilo Coríntio, esplendidamente retratado no Templo de Zeus Olímpico, em Atenas.
A evolução da relação
O recorte filigranado das folhas da acanto, um dos principais elementos decorativos dos capitéis greco-romanos, acabou por ser recuperado nos vários movimentos de arquitetura clássica que foram surgindo na Europa Ocidental e na América.
Na verdade, a ligação entre a acanthus mollis e a arquitetura reforçou-se em estilos como o neoclássico. Assim podemos ver representações de acanto em diferentes elementos arquitetónicos e artísticos, nomeadamente em iluminuras, azulejos, esculturas, pinturas e na magnífica talha dourada.
A relação da acanthus mollis e a arquitetura em Portugal
Em Portugal as folhas desta planta estão representadas em muitas igrejas de norte a sul do país. Exemplo disso, é o Mosteiro de Santa Clara em Évora.
Em jeito de curiosidade, podemos acrescentar que os famosos carrilhões do Convento de Mafra, fabricados no século XVIII em Itália, são adornados por folhas de acanto no seu mecanismo.
A Acanthus mollis e a mitologia grega
De acordo com a mitologia da Grécia Antiga, Acantha era uma ninfa desejada por Apolo, deus do Sol. Contudo, a ninfa não correspondia a esse desejo e, para o afastar, arranha-lhe o rosto. Como vingança, Apolo transforma-a numa planta de aspeto espinhoso.
Mas o que é a Acanthus mollis?
Na Antiguidade Clássica, o naturalista romano Plínio, o Velho chamou-lhe simplesmente acanthus, que significa “espinho”, remetendo para a sua aparência espinhosa e para os mitos que a rodeavam.
No século XVIII, Lineu, botânico, zoólogo, médico, um dos fundadores da Academia Real das Ciências da Suécia e considerado o pai da taxonomia moderna, atribuiu-lhe o nome de acanthus mollis.
Características da planta
É uma planta vivaz que se encontra em regiões de climas subtropicais, temperados e mediterrânicos. Pode chegar aos 1,5 metros de altura e tem por base uma roseta de folhas basais, largas, recortadas,com cerca de 50cm.
Cada planta tem uma única espiga de flores brancas e roxas, com cálice longo . A sua floração dá-se entre maio e junho.
A polinização é entomófila e dispersão é autocórica. Como tal, quando atingem o nível de maturação correto, as cápsulas como que “explodem”, espalhando as sementes negras, chegando a atingir vários metros de distância.
Estas plantas podem surgir espontaneamente mas também são plantadas como elementos ornamentais.
A Paisageiro e a Acanthus mollis
Espécie fetiche dos nossos projectos, usamo-la como herbácea de revestimentos em canteiros de sombra e difíceis de acesso. De fácil cultivo, não demora a implantar-se e a prosperar no jardim. Oferece, logo na primavera e no verão que seguem a sua plantação, uma folhagem gráfica e elegante de onde se erguem as flores exuberantes, repletas de simbolismo e de história, cativando o nosso imaginário para uma viajem longínqua. O acanto é uma herbácea semi persistente. Em verões secos, as suas folhas tendem a desaparecer depois das florações, para reaparecerem logo após as primeiras chuvas do outono. É interessante associá-la a outras herbáceas vivazes, de sombra, e persistentes, como os ofiopógones, as pervincas, os fetos, as aspérulas e as bergénias entre outras.
Espero que tenham gostado de conhecer um pouco melhor esta planta maravilhosa, cuja beleza e significado estão na base da relação da Acanthus mollis e a arquitectura.