Espirros, nariz congestionado e olhos lacrimejantes são, de facto, sintomas bastante desagradáveis e, há que dizê-lo, as alergias podem mesmo chegar a ser incapacitantes. Contudo, acredite quando lhe digo, que não vale a pena responsabilizar as árvores pelas suas crises de renite.
A ideia de abater árvores na cidade
Infelizmente, um pouco por todas as cidades do nosso país surgem abaixo-assinados, petições e afins a solicitar o abate de árvores como por exemplo choupos ou plátanos. E porquê? Simples, porque há quem acredite que as árvores são as principais fontes de alergias por libertarem aqueles pequenos “pedaços de algodão” que observamos no ar durante a Primavera.
Ora, tal ideia não podia estar mais longe da verdade uma vez que os tais “pedaços de algodão” são sementes e não ácaros, pelo que não causam alergias.
O Inimigo Público nº 1
Na verdade, durante a época alta das alergias – que vai de abril a junho – os verdadeiros inimigos são os pólens invisiveis que apenas se detetam ao microscópio. Por norma, estes pólens encontram-se não nas árvores mas sim em plantas existentes em zonas baldias ou mal cuidadas.
A excepção!
Como diz a sabedoria popular, não há regra sem excepção e, na verdade, existem algumas árvores que não são amigas de quem sofre de alergias, nomeadamente as oliveiras. Tal acontece porque três quartos da população dos alérgicos a pólens são alérgicos a oliveiras, gramíneas e parietárias.
Os pólens nas cidades
O efeito dos pólens é sentido com mais intensidade nas cidades, não porque os pólens citadinos sejam mais fortes que os pólens do campo mas sim por causa da poluição automóvel que os desidrata e faz ficar mais pequenos. Ao terem menores dimensões, conseguem penetrar mais profundamente nas vias respiratórias aéreas, tornando-se, assim, mais agressivos e impactantes.
Espero que com este artigo tenha ajudado a desconstruir o mito de que as árvores são responsáveis pelas alergias e a evitar abates completamente desnecessários.
Lembre-se de que as árvores são excelentes para o ambiente das cidades e para o bem-estar das populações, tal como já referimos no nosso artigo “A importância das árvores nas cidades” e que devem ser protegidas e não perseguidas.