Gonçalo Ribeiro Telles – Arquiteto Paisagista, ecologista e político
Nascido em Lisboa, a 25 de maio de 1922, é, sem dúvida, uma figura ímpar no panorama da arquitetura paisagista nacional, reconhecido e respeitado por todos os setores da sociedade portuguesa pela sua integridade, profissionalismo e visão inovadora do urbanismo e do ordenamento do território.
O Percurso Académico e Profissional
Gonçalo Ribeiro Telles licenciou-se em Engenharia Agrónoma e concluiu o Curso Livre de Arquitetura Paisagista no Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa (ISA).
Depois de terminar o seu percurso académico ingressou na Câmara Municipal de Lisboa ao mesmo tempo que dava aulas no ISA.
Foi nesta fase que consolidou a sua ligação a Francisco Caldeira Cabral, com quem viria a publicar a obra de referência A Árvore em Portugal, que aborda as diferentes espécies de árvores encontradas no nosso país, o que se pretende da árvore, e as formas e os modos de cultura.
O trabalho na Câmara Municipal de Lisboa
O trajeto de Gonçalo Ribeiro Telles na edilidade lisboeta passou pela Repartição de Arborização e Jardinagem entre 1951 e 1953. Já em 1955 assumiu o cargo de arquiteto paisagista no Gabinete de Estudos de Urbanização, dirigido pelo engenheiro Guimarães Lobato, onde permaneceu até 1960.
A colaboração com a CML resultou também num vasto leque de projetos concebidos entre 1998 e 2002, entre os quais se destacam as seguintes estruturas verdes principal e secundária da Área Metropolitana de Lisboa:
1) o Vale de Alcântara e a Radial de Benfica;
3) o Parque Periférico;
4) o Corredor Verde de Monsanto e a Integração na Estrutura Verde Principal de Lisboa da Zona Ribeirinha Oriental e Ocidental.
Desta colaboração há ainda a referir projetos como o espaço público do Bairro das Estacas, em Alvalade, a cobertura vegetal da colina do Castelo de São Jorge, o Jardim Amália Rodrigues ou os jardins da Capela de São Jerónimo.
Além disso, é o estratega do Plano Verde de Lisboa que procura reinventar a cidade, inserindo-lhe conceitos ambientais, que conjungam, entre outros fatores, a proteção da natureza, a mobilidade das populações, a proteção do património e a criação de espaços verdes que tragam bem-estar às populações.
Entre 1971 e 1974 assumiu a direção do Setor de Planeamento Biofísico e de Espaços Verdes do Fundo de Fomento da Habitação.
Contudo, o seu projeto mais emblemático será, porventura, o jardim da Fundação Calouste Gulbenkien, que projetou em colaboração com o arquiteto paisagista António Viana Barreto e que lhes granjeou o Prémio Valmor em 1975.
O ensino
A par da sua atividade como arquiteto paisagista, Gonçalo Ribeiro Telles dedicou-se ao ensino, tendo lecionado na Universidade de Évora, onde estabeleceu as licenciaturas em Engenharia Biofísica e Arquitetura Paisagista nos anos de 1990.
Percurso político
Gonçalo Ribeiro Telles esteve desde muito jovem envolvido na política, tendo sido um opositor ao regime de Salazar, e assumindo-se como monárquico.
No pós 25 de Abril assumiu diferentes cargos em diversos governos, sempre ligado à área do ambiente e da qualidade de vida.
Prémios e condecorações
A importância da obra do arquiteto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles foi sendo reconhecida ao longo do tempo através da atribuição dos seguintes prémios e condecorações:
– Grau de Oficial da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico – 1969;
– Grã-Cruz da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo – 1988;
– Grã-Cruz da Ordem da Liberdade – 1990;
– Prémio Sir Geoffrey Jellicoe, a maior distinção internacional na área da arquitetura paisagista – 2013;
– Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique – 2017
Legado único de Gonçalo Ribeiro Telles
O legado de Gonçalo Ribeiro Telles vai além dos projetos locais e abranje o nascimento de uma nova estratégia de ordenamento do território e do urbanismo, abrangente e com uma perspetiva ecológica, com impacto em todo o país.
Provas disso são a criação das zonas protegidas da Reserva Agrícola Nacional, da Reserva Ecológica Nacional e das bases do Plano Diretor Municipal. Além disso, esteve também ligado à redação das propostas da Lei de Bases do Ambiente, da Lei da Regionalização, da Lei Condicionante da Plantação de Eucaliptos, da Lei dos Baldios, da Lei da Caça, e da Lei do Impacte Ambiental.
Espero que tenha gostado de ler sobre a vida e obra de um dos maiores vultos da arquitetura paisagista em Portugal e que me inspira para criar projetos cada vez melhores.