André Le Nôtre – o arquitecto paisagista que desenhou os jardins de Versalhes
Le Nôtre entrou para a história como o criador do conceito dos jardins franceses, cujo esplendor máximo são os jardins de Versalhes.
Figura do paisagismo francês, Le Nôtre nasceu em 1613 e cresceu em Paris, mais concretamente nas Tulherias, onde o seu pai e o seu avô tinham o cargo de jardineiros do rei.
O estatuto especial que usufruía na corte graças à sua ascendência, permitiu-lhe tirar partido do fervilhante ambiente cultural do Louvre, tendo atingido uma erudição pouco comum entre os seus pares e que o fez ambicionar alcançar mais do que a simples manutenção dos jardins.
A sua carreira iniciou-se ao serviço do Duque de Orléans, irmão do rei Luís XIV, e quando aos 24 anos substituiu o seu pai e assumiu a gestão do jardim das Tulherias, o seu sonho já era o de planear e criar novos e grandiosos espaços.
Posteriormente, haveria de deixar a sua marca na Tulherias ao criar a perspetiva em direcção aos Campos Elísios, entre 1666 e 1672.
Vaux-le-Vicomte

Em 1641, Fouquet, ministro das Finanças do rei, compra a propriedade Vaux-le-Vicomte e reúne la crème de la crème para erguer um projeto que espelhasse o seu prestígio. Assim, contrata o arquiteto Louis Le Vau, o pintor Charles Le Brun e o arquitecto paisagista André Le Nôtre para levar a obra a bom porto.
Quis o destino que a grandiosidade do resultado final levasse Fouquet à ruína uma vez que Luís XIV, despeitado por Vaux-le-Vicomte ser mais esplendoroso que Versalhes, o mandou prender, alegando o uso indevido de fundos do reino para financiar a obra. Infelizmente, o ministro caído em desgraça acabou por morrer no cárcere, sem nunca ter desfrutado do seu refúgio.
Se para Fouquet Vaux-le-Vicomte foi o fim, para Le Nôtre foi o projeto que lhe abriu o caminho para a glória, já que seria convidado por Luís XIV para reformular os jardins de Versalhes.
Versalhes
Aqui Le Nôtre desenvolveu o maior e mais grandioso jardim “à francesa”, onde a geometria e a simetria são perfeitas, de modo a criar diferentes perspetivas destinadas a surpreender os visitantes.
Notável é também o uso dos cursos de água existentes, bem como da luz e das sombras.
Outras obras
O génio inovador de Le Nôtre está também patente em Saint-Cloud, uma obra encomendada pelo irmão do rei em 1665, em Sceaux, obra realizada entre 1670 e 1677 para Colbert, e em Clagny, projeto realizado em 1674 para a Madame de Montespan.
Para o monarca, Le Nôtre criou também o terraço de Saint-Germain (1669-72) e os jardins de Trianon (1672-88).
O homem por detrás do génio
Além de uma mente brilhante e de um profissional de excelência, Le Nôtre era uma personagem cativante e amável, que nunca suscitou invejas nem intrigas. De tal forma, que conquistou e manteve ao longo de toda a sua vida a amizade do próprio rei, algo raríssimo de acontecer.
Quando faleceu em 1700, aos 87 anos, Le Nôtre tinha granjeado a admiração de todos, sendo estimado pelo soberano mais poderoso do mundo.