Os jardins suspensos da Babilónia – uma história de amor

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Os jardins suspensos da Babilónia – uma história de amor

Reza a história que os magníficos jardins suspensos da Babilónia foram mandados erigir pelo rei Nabucodonosor II no século VI a.C., como prova do amor que sentia pela sua esposa preferida, Amitis.

Amitis vivia mergulhada em tristeza, com saudades da sua terra natal, o império Media no atual Irão, cuja paisagem se caracterizava por campos verdejantes, rodeados de montanhas, ao contrário do que sucedia na Babilónia, onde as planícies marcavam a geografia.

Ao vê-la assim tão triste, Nabucodonosor ordenou a construção da incrível obra que pretendia simular as paisagens das terras da sua amada.

Assim, do amor do rei nasceu esta magnífica obra arquitetónica e paisagista ao sul da Mesopotâmia, entre os rios Eufrates e Tigre, no berço das primeiras grandes civilizações do mundo ocidental.

A estrutura dos Jardins Suspensos da Babilónia

Imponência é o adjetivo certo para descrever esta obra magnífica.

Curiosamente, e ao contrário do que o seu nome indica, os jardins não eram suspensos mas sim sobrepostos por andares, numa disposição semelhante a sucalcos, apoiados em colunas enormes, que chegavam aos 100 metros de altura. Porém, ao longe, passavam a ilusão ótica de que estavam suspensos uma vez que as muralhas que protegiam a cidade tapavam as fundações dos jardins apenas deixando vislumbrar elevações com árvores no topo.

Os terraços

Nos seis terraços que compunham estes jardins, opulência era a palavra-chave graças às inúmeras árvores de frutos, flores exóticas, esculturas de deuses, piscinas e fontes que os embelezavam. As imponentes cascatas, cuja água deslizava majestosa até formar lagos artificiais eram, sem dúvida, um dos ex-libris.

A sustentação e a manutenção dos jardins

Uma vez que na região havia falta de blocos de pedras de grandes dimensões, acredita-se que os jardins assentavam sobretudo em tijolos revestidos com betume e chumbo para os tornar impermeáveis à agua.

Ainda que não haja certezas absolutas sobre o funcionamento do sistema que mantinha a frescura e a beleza dos jardins, crê-se que se baseava em incríveis sistemas de irrigação que bombeavam a água até ao topo. A teoria que reúne mais consenso, diz que estes sistemas de irrigação, que podiam chegar aos 23 metros de altura, iam buscar a água aos rios Eufrates e Tigre, explorando o trabalho árduo de escravos.

Obra emblemática

Os jardins suspensos da Babilónia são, porventura, a mais mítica das Sete Maravilhas do Mundo Antigo graças à escassez de registos históricos fidedignos não só sobre o seu desaparecimento como também sobre a sua própria construção e funcionamento.

A fronteira onde acaba o mito e começa a realidade é ténue; porém, a magia e o encanto que os jardins têm exercido sobre historiadores, investigadores, arquitetos paisagistas e público em geral são indesmentíveis.

Espero que tenha gostado de saber um pouco mais sobre este monumento icónico da Antiguidade.

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por: Karine Moreau

Karine Moreau é uma arquiteta paisagista luso-francesa que, depois de se ter formado numa das melhores escolas da especialidade em França, estabeleceu-se em Portugal, mais precisamente em Sintra, para desenvolver a sua atividade profissional. Apaixonada pela natureza, pelo paisagismo e pelo urbanismo, coloca todo o seu profissionalismo e paixão ao serviço dos seus clientes – sejam particulares, empresas ou entidades públicas – por forma a criar espaços verdes que contribuem para uma melhor qualidade de vida.