Os diferentes jardins da Antiguidade
Tal como vimos no nosso artigo Breve História da Arte dos Jardins, os primeiros registos referentes a jardins encontram-se no Oriente próximo, considerada a região berço das civilizações modernas.
Neste novo artigo vamos fazer uma breve abordagem aos diferentes tipos de jardins clássicos, desde a Mesopotâmia até aos Romanos, passando pelos jardins Egípcios e Gregos.
Jardins da Mesopotâmia
Os jardins Assírios e Babilónicos
A região da Mesopotâmia, situada entre os rios Eufrates e Tigre, caracterizava-se pelas suas cidades-estado, bastante evoluídas, especialmente nas áreas da escrita e das ciências. Como tal, não é de admirar que tivessem desenvolvidos técnicas de cultivo e de irrigação inovadoras.
Sistemas de Irrigação
Os novos sistemas de irrigação permitiram não só enfrentar o clima seco e árido da região como também o cultivo de espécies não autóctones que de outra forma nunca conseguiriam sobreviver.
Os Assírios tiraram partido dos evoluídos sistemas de rega para manter hortas e pomares que lhes permitia alimentar a população. Por conseguinte, os jardins assírios tinham uma forte componente agrícola.
Em contrapartida, os jardins babilónicos apostavam mais na vertente da ornamentação de espaços exteriores, tornando-os locais de convívio de eleição. O exemplo mais icónico dos jardins da Antiguidade são os Jardins Suspensos da Babilónia.
Funcionalidade e Religiosidade
Os jardins da Mesopotâmia rodeavam palácios e templos, aliando funcionalidade e religiosidade. De facto, eram palco de banquetes e celebrações, além de serem locais de encontro do poder político e religioso da época.
Nestes jardins cultivavam-se legumes e frutos que serviam de oferendas aos deuses venerados pelo povo.
Espécies mais usadas
Algumas das árvores, árvores e flores mais comuns dos jardins da Mesopotâmia eram os salgueiros, os ciprestes, os cedros, os ébanos, os carvalhos, as romãzeiras, as tamareiras, as roseiras, os lírios, as tulipas, os lótus, os álamos e, como não poderia deixar de ser, as palmeiras.
Os jardins Persas
Os jardins da Antiga Pérsia eram influenciados pelos mesopotâmicos, gregos e egícios, uma vez que os Persas absorviam aspetos culturais e científicos dos territórios que ocupavam.
Perfumes
Um dos traços mais característicos deste tipo de jardins da Antiguidade advém do fascínio que os Persas sentiam por perfumes. É com este povo que a plantação de plantas passa a ter um cunho muito mais decorativo do que funcional, já as plantas passaram a ser plantadas pela sua beleza, cores e perfumes.
Paraíso na Terra
A representação do paraíso através da relação dos reinos vegetal e animal é o grande objetivo subjacente aos jardins persas. Como tal, era comum incluírem bosques onde os animais passeavam livremente e podiam ser caçados.
O equilíbrio era também atingido através da plantação linear das diferentes árvores e toda esta paz era protegida por muros que delimitavam os jardins.
Por norma, os jardins persas eram divididos em quatro através de dois cursos de água que se cruzavam, formando uma cruz. Cada uma destas quatro partes representava um dos elemento do universo, ou seja, terra, fogo, ar e água.
Ainda que houvessem inúmeras fontes, ricamente trabalhadas, não existiam quaisquer esculturas de imagens humanas por ser proibido pela religião.
Espécies mais usadas
De entre as plantas e árvores usadas destacam-se as laranjeiras, as amendoeiras, os plátanos, os ciprestes, as palmeiras, as açucenas, as roseiras, as tulipas e os jasmins.
Jardins representados em tapeçarias
Na Pérsia, o imperador era visto como um deus que tornava fértil o solo que pisava. Por isso, durante o inverno eram tecidos tapetes com imagens de jardins que eram pisados pelo imperador, para garantir que os jardins iriam florescer na primavera.
Os dois jardins persas mais emblemáticos são o Paraíso de Cyrus, localizado em Persépolis, a capital persa, e o jardim do Taj Mahal, na Índia.

Os jardins Egípcios
Com o tempo, os jardins egípcios foram-se focando na função lúdica do espaço, relevando para segundo plano a vertente agrícola.
A geometria e a simetria dos elementos estava sempre presente.
As árvores, usadas para criar sombra e minorar o calor intenso da região, eram dispostas junto às casas e serviam para delimitar os espaços. Os tanques retangulares com plantas aquáticas e diversos animais, são outro elemento característico.
De salientar que as flores tinham fins decorativos mas também medicinais.
Nos jardins situados em zonas que inundadas pelo Nilo, as plantas eram colocadas mais perto dos vales, divididas por canais de irrigação.
A paixão dos egípcios pelos seus jardins era tal que costumavam pintá-los nas tumbas para que os mortos pudessem desfrutar deles no Além.
Espécies mais usadas:
Neste tipo de jardins da Antiguidade era comum encontrar papiros, palmeiras, sicômoros, figueiras, tamareiras, videiras, lótus, lírios, papoulas e crisântemos.
Os jardins Gregos
Este jardins da Antiguidade rompem com a simetria e a organização dos jardins persas por causa do clima seco, do solo rochoso e do relevo montanhoso que caracteriza grande parte do território grego. Podemos dividi-los em dois tipos distintos:
Bosques Sagrados
Os Bosques Sagrados estão intimamente ligados à religião, uma vez que eram os locais onde as divindades visitavam a Terra, logo eram locais sagrados. Assim, os jardins eram erigidos junto a santuários e permaneciam o mais natural possível, afastando ao máximo a presença do homem.
Jardins comuns
O fator decorativo não era valorizado, pelo que os jardins gregos eram essencialmente virados para a funcionalidade e para a subsistência. Como tal, as árvores de frutos eram presença habitual. Por seu turno, as flores eram oferendas para os deuses.
Sob a influência do pensamento racional e intelectual que caracterizava os Gregos, os jardins apresentavam estátuas bastante realistas de figuras humanas e de animais. Além disso, a presença de pórticos e colunas ligava de forma harmoniosa o interior das habitações com o exterior, tornando os jardins num prolongamento das casas.
Espécies mais usadas
De entre as diversas espécies que caracterizavam os jardins gregos, destacam-se as pereiras, as videiras, as macieiras, as romãzeiras, as figueiras e as oliveiras, bem como cravos, íris ou roseiras.
Os jardins de Roma

Os jardins romanos mostravam todo o seu esplendor nas casas de campo que os altos dignitários mandavam erigir nos arredores de Roma.
As maravilhosas villas eram acompanhadas dos chamados Jardins dos Prazeres, onde a monumentalidade era norma e o objetivo paisagístico era criar refúgios onde se pudesse usufruir do agradável aroma das flores, do ar fresco e puro, livre do pó e da confusão da cidade.
Na maior parte das vezes, as villas dispunham também de um peristilo, ou seja, uma espécie de pátio interno, onde existia um jardim que era o ponto central do edifício.
Palavra-chave: Organização
Sob a alçada de conceitos arquitetónicos rígidos, estes jardins da Antiguidade pautavam pela organização e pelo método.
Curiosamente, elementos como os buxos, o louro-anão ou os cipestres eram moldados para adquirirem formas geométricas, humanas ou de animais, assumindo o papel de estátuas, dando origem à arte topiária.
Espécies mais usadas
Num jardim romano era muito comum existirem plátanos, coníferas, pessegueiros, macieiras, amendoeiras e videiras.
Espero que gostem tanto de ler este artigo sobre os jardins da Antiguidade como eu gostei de o escrever e de me sentir a viajar na história, recuperando a grandiosidade das civilizações clássicas.